– Antecedentes –
No dia 15 de novembro de 1889, o regime monárquico imperial é derrubado no Brasil instaurando a Primeira República.
A última fotografia da família imperial brasileira, por Otto Hees, 1889. |
Nos anos que antecederam este momento revolucionário, o clima político fora propício a este acontecimento. A governação de D. Pedro II, imperador do Brasil, está em boa parte na origem da crise política que se instala. Por um lado, não tivera descendentes masculino o que colocava a sucessão ao trono nas mãos da sua filha, D. Isabel. Casada com um príncipe francês, Gastão de Orleães, conde d’Eu, e neto do rei de França Luís Filipe, temera-se que o trono brasileiro passasse para as mãos de estrangeiros. Por outro lado, o descontentamento crescia na população. Durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), muitos escravos tomaram parte no conflito nas fileiras dos exércitos da Tríplice-Entente (Brasil, Argentina, Uruguai). Uma vez o conflito findado temia-se, por pressão dos antigos amos, que voltassem à sua antiga condição servil. A guerra, devido aos seus elevados custos financeiros, agravou também as dificuldades financeiras sentidas pelo Brasil no final do século XIX, com uma inflação acrescida que deteriorava as condições de vida dos brasileiros, em particular das classes médias. A 13 de maio de 1888, a Lei Áurea decreta o fim da escravatura em terras brasileiras. Na esperança de alcançar indemnizações, os antigos esclavagistas aderem à causa republicana, fervente opositor ao regime monárquico.
O contexto político, social, económico, mas também religioso com profundas divergências entre a instituição clerical e o poder político, abre as portas a transformações drásticas no Brasil.
– O golpe militar –
Sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, o golpe de estado inicia-se. O quartel-general do Rio de Janeiro, assim como o Ministério da Guerra, são ocupados sem grande resistência. Os destacamentos ali presentes, chefiados pelo general Floriano Peixoto, recusam-se a disparar sobre os insurrectos. No seguimento, e já na tarde de 15 de novembro, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama, no Rio de Janeiro, a Primeira República Brasileira (apelidada de “República Velha” em oposição ao período republicano seguinte, a “República Nova”). O momento solene tem lugar na Praça da Aclamação (atual Praça da República no Campo de Santana).
A proclamação da República, por Benedito Calixto, 1893, Pinacoteca Municipal de São Paulo. |
– Os símbolos do novo regime –
No seguimento da proclamação, é organizado um governo provisório chefiado por Deodoro da Fonseca. E escolhida uma primeira bandeira nos moldes do estandarte dos Estados Unidos mas que, no entanto, irá permanecer durante quatro dias. No dia 19 de novembro de 1889, surge o atual estandarte (atualizado várias vezes desde então com o acréscimo de várias estrelas referentes aos novos Estados federais). Este dia de 19 de novembro é conhecido, no Brasil, como do Dia da Bandeira.
Bandeira da República Brasileira de 15 a 19 de novembro de 1889. |
É também composto um hino republicano celebrando a proclamação da República (o qual fora inicialmente pensado como hino nacional brasileiro).
Hino à Proclamação da República (1890)
Letra: Medeiros e Albuquerque
Música: Leopoldo Augusto Miguez |
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Seja
um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus Este canto rebel que o passado Vem remir dos mais torpes labéus! Seja um hino de glória que fale De esperança, de um novo porvir! Com visões de triunfos embale Quem por ele lutando surgir!
Liberdade!
Liberdade!
Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade Dá que ouçamos tua voz!
Nós
nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País... Hoje o rubro lampejo da aurora Acha irmãos, não tiranos hostis. Somos todos iguais! Ao futuro Saberemos, unidos, levar Nosso augusto estandarte que, puro, Brilha, avante, da Pátria no altar! |
Liberdade!
Liberdade!
Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade Dá que ouçamos tua voz!
Se
é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão, Sangue vivo do herói Tiradentes Batizou este audaz pavilhão! Mensageiros de paz, paz queremos, É de amor nossa força e poder Mas da guerra nos transes supremos Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade!
Liberdade!
Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade Dá que ouçamos tua voz! Do Ipiranga é preciso que o brado Seja um grito soberbo de fé! O Brasil já surgiu libertado, Sobre as púrpuras régias de pé. |
Eia,
pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos! Seja o nosso País triunfante, Livre terra de livres irmãos!
Liberdade!
Liberdade!
Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade Dá que ouçamos tua voz! |
Alegoria da República, por Manoel Lopes Rodrigues, 1896, Museu de Arte da Bahia. |
A atual configuração dos Estados federados na bandeira brasileira. |
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